António Jacinto

António Jacinto

António Jacinto do Amaral Martins foi um poeta angolano. Jacinto ganhou conhecimento com sua poesia de protesto, e devido à sua militância política, foi exilado no Campo de Concentração de Tarrafal, em Cabo Verde, no período de 1960 a 1972.

1924-09-28 Luanda
1991-06-23 Lisboa
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Alguns Poemas

Carta dum contratado

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta que dissesse
Deste anseio
De te ver
Deste receio
De te perder
Deste mais que bem querer que sinto
Deste mal indefinido que me persegue
Desta saudade a que vivo todo entregue...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta de confidências íntimas,
Uma carta de lembranças de ti,
De ti
Dos teus lábios vermelhos como tacula
Dos teus cabelos negros como diloa
Dos teus olhos doces como macongue
Dos teus seios duros como maboque
Do teu andar de onça
E dos teus carinhos
Que maiores não encontrei por ai...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Que recordasse nossos dias na capopa
Nossas noites perdidas no capim
Que recordasse a sombra que nos caia dos jambos
O luar que se coava das palmeiras sem fim
Que recordasse a loucura
Da nossa paixão
E a amargura da nossa separação...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Que a não lesses sem suspirar
Que a escondesses de papai Bombo
Que a sonegasses a mamãe Kiesa
Que a relesses sem a frieza
Do esquecimento
Uma carta que em todo o Kilombo
Outra a ela não tivesse merecimento...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta que ta levasse o vento que passa
Uma carta que os cajus e cafeeiros
Que as hienas e palancas que os jacarés e bagres
Pudessem entender
Para que se o vento a perdesse no caminho
Os bichos e plantas
Compadecidos de nosso pungente sofrer
De canto em canto
De lamento em lamento
De farfalhar em farfalhar
Te levassem puras e quentes
As palavras ardentes
As palavras magoadas da minha carta
Que eu queria escrever-te amor

Eu queria escrever-te uma carta...

Mas, ah, meu amor, eu não sei compreender
Por que é, por que é, por que é, meu bem
Que tu não sabes ler
E eu - Oh! Desespero! - não sei escrever também!
O itinerário poético de António Jacinto iniciou-se com a colaboração nos jornais e nas revistas onde pontificavam alguns dos nomes mais importantes do nacionalismo angolano. A sua poesia terá como suporte a marca de uma linguagem popular. Sendo, em termos culturais, herdeiro de um espaço de aculturação, estava enriquecido pela dimensão que os seus poemas comportavam – a cultura tradicional. A problemática dos estratos rácicos e sociais acompanhou-o também no exercício literário, onde procurou inovações estilísticas que conferissem à expressão poética uma forte identidade - a da africanidade. Os seus textos corporizam imensas antologias significativamente importantes nas literaturas dos países africanos de língua portuguesa. O seu mérito como escritor foi reconhecido através de distinções que recebeu em vida: Prémio Lótus da Associação dos Escritores Afro-Asiáticos, Prémio Moma e Prémio Nacional da Literatura, em Angola. Militante do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), desempenhou, no quadro político da sua pátria, cargos no governo e no partido a que pertenceu. Usou o pseudónimo Orlando Távora.
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"Monangamba", de António Jacinto, musicado por Ruy Mingas
António Jacinto na gala da A.C.C.L. 2022
ESPECIAL ANTÓNIO JACINTO, VIDA E OBRA
Carta de um contratado - Do poeta Angolano, António Jacinto
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Missa do 5º Domingo do Tempo Comum!!
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Amo muito meu amor.😍Antonio Jacinto
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PART 1:Letter from a contract worker by Antonio Jacinto.
ANTÓNIO JACINTO SEGUNDO PEPETELA
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Letter from a contract worker By Antonio Jacinto Read by Airnest Sarpong
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Juscelino Mateus
Gostei e de mais, é um poema super, super lindo de mais.
12/março/2020
António Vieira
Muito lindo....
22/março/2019
Dario
grande poeta
06/outubro/2018
bobolo
amoooo
05/setembro/2018

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